Blog

Artigos informativos, dicas práticas e as últimas tendências sobre saúde, você encontra aqui no blog Meddco.

Confira nossas publicações!

Confira uma entrevista exclusiva com o Dr. Nathan Herszkowicz sobre os avanços e o mercado da Ecocardiografia do Brasil na visão de quem acompanha esta área desde o início dos anos 80

os-avancos-e-o-mercado-da-Ecocardiografia-do-Brasil

Há exatos 40 anos, chegava no Brasil o primeiro equipamento de mapeamento de fluxo a cores, iniciando assim um novo capítulo da história da cardiologia no país. Nosso entrevistado deste mês, o Dr. Nathan Herszkowicz, estava lá e participou ativamente deste grande acontecimento, no Hospital Albert Einstein, em 1981 e, falará um pouco mais sobre os avanços e o mercado da Ecocardiografia do Brasil.

 Nesta entrevista exclusiva para o Blog da Meddco, Dr. Nathan fala sobre os avanços da Ecocardiografia do Brasil, nessas últimas décadas, os fatos mais relevantes, como está o cenário hoje para os médicos que desejam ingressar nesta área, a importância da tecnologia para o crescimento e o que ele pensa sobre o futuro.

 Dr. Nathan é professor da Meddco do curso Ecocardiografia Adulto, diretor da UNIECO – Escola de Imagem de São Paulo, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP, professor Colaborador da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC e responsável pelo Serviço de Ecocardiografia do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André / SP.

 Confira a entrevista completa. Boa leitura.

Nos conte sobre sua trajetória na Medicina?

Me formei na Faculdade de Ciências Médicas de Santos em 1972/73, fiz Residência Médica no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e depois fui indicado para médico na Unidade de Terapia Intensiva no Hospital Albert Einstein, na capital paulista. Também atuei como médico na Força Aérea Brasileira (FAB) e posteriormente iniciei na Ecocardiografia  começando a fazer os primeiros exames no Hospital  Israelita Albert Einstein.

O que mudou de forma latente daquela época para os dias de hoje?

Praticamente tudo mudou devido a evolução da tecnologia. Quando me interessei pela área da imagem passei uma temporada no Cedars Sinai Medical Center, em Los Angeles, na Califórnia, um grande centro médico dos Estados Unidos. Para se ter ideia, naquela época a Ecocardiografia tinha basicamente apenas dois tipos: modo M (uma dimensão) e modo bidimensional (duas dimensões/2D). Depois dessa imersão, voltei para o Brasil e em 1981, o Einstein foi o primeiro hospital do país a adquirir um equipamento de mapeamento de fluxo a cores. Foi, com certeza, o grande passo daquela época.

Quais foram os principais acontecimentos que revolucionaram a área da Ecocardiografia?

Da minha época, reafirmo que o principal passo foi o Doppler a cores, porque ele permite uma série de mensurações do ponto de vista hemodinâmico, vamos dizer assim, em poder fazer a graduação de determinadas lesões valvares dentro do coração, poder fazer o diagnóstico rápido de um shunt esquerda/direita através de uma comunicação interatrial ou de uma comunicação interventricular, de um canal arterial em uma criança ou recém-nascido, por exemplo.

Outro grande acontecimento é o exame de Ecocardiografia Fetal, permitindo diagnósticos intraútero. Cada vez mais temos ferramentas para diagnosticar precocemente disfunções do coração, principalmente do ventrículo esquerdo. Esses diagnósticos têm sido muito usados na Oncologia, já que as drogas imunossupressoras, que são usadas no tratamento de diversos tipos de cânceres, de uma certa maneira são um pouco agressivas para o músculo cardíaco, ou seja, hoje temos esse capítulo a parte: a Cardio Oncologia.

Quais eram as principais dificuldades quando o senhor iniciou nesta profissão e como elas foram superadas?

Comparado com os dias atuais, nós trabalhávamos com equipamentos considerados modernos para aquela época mas que hoje se tornaram peças de museu. O Ecocardiograma que começou com o modo M era um radarzinho onde havia uma telinha com pontos brilhantes oscilando ininterruptamente. Nós tínhamos que pensar em uma dimensão somente. Quando chegou o bidimensional, ampliou praticamente os horizontes, podendo-se colocar o transdutor em várias posições do tórax do paciente. Mas, acredito que tudo tem seu tempo e eu passei pelo meu. No momento, estou tentando acompanhar as modernas tecnologias com gente muito mais jovem, o que é importante para se manter atualizado com a especialidade.

Como podemos avaliar o cenário hoje para os médicos que pensam em migrar para esta área?

O cenário para o médico é sempre bom. Hoje, temos falta de médicos em todas as áreas, especialmente na área de imagem, para onde grande parte dos jovens se inclina.  Eu dei aulas numa especialidade que se chama Semiologia, em que o médico realiza o exame físico e retira a história atual e pregressa do paciente, assim como de seus familiares, por meio da técnica de anamnese (entrevista conduzida pelo médico em consultório com o objetivo de identificar os sintomas do paciente e chegar ao diagnóstico de uma doença).  Importante ressaltar que este exame é ainda muito importante, mas a tecnologia atrai em todas as especialidades e na cardiologia não é diferente.. Um ponto que merece atenção é que muitos médicos acham que tudo tem que ser ensinado rapidamente com um simples download, mas isso só funciona para computadores, não é bom para a mão do médico. É preciso dedicar muitos anos em treinamentos para adquirir a necessária experiência – a isto chamamos curva de aprendizado.

De que forma os cientistas estão colaborando para os avanços na Ecocardiografia?

De uma forma absolutamente maravilhosa. Hoje, nós temos avanços como a Ecocardiografia  Transesofágica  3D, para dar um breve exemplo. Nunca me esqueço que a “minha Ecocardiografia” é do século 20 e hoje estamos no século 21. É uma tecnologia espetacular. O eco 3D proporciona a visão do cirurgião quando está diante de um tórax aberto As empresas estão surpreendendo com avanços Primordiais. A cardiologia, em especial, tem sido muito beneficiada pela Ecocardiografia, hemodinâmica e angiotomografia de coronárias. Hoje é possível através de um contraste venoso ter uma bela visão da circulação coronariana sem precisar fazer um cateterismo. A cardiologia é uma especialidade que avança a passos geométricos. Tudo isso se deve aos cientistas e às empresas  fabricantes que investem fortunas em pesquisas e desenvolvem softwares cada vez mais eficientes.

  1. O senhor pode citar algumas pesquisas que corroboram o avanço desta área?

Hoje, por exemplo, é possível fazer um implante de válvula através de um cateterismo sem precisar abrir o peito do paciente para uma cirurgia aberta. Também pode ser implantada uma prótese valvar dentro de válvula nativa que está com lesão (Valve-in-Valve Aórtico). Outra pesquisa que mudou muito a cardiologia é a possibilidade de fechar um “buraco” que existe dentro do coração, que é congênito (comunicação interatrial),  por meio de um simples cateterismo, colocando um dispositivo que fecha este defeito sem a necessidade de cirurgia, onde o paciente poderia ficar dias em recuperação. Ou seja, essas descobertas seriam inimagináveis no século passado.

  1. Qual é a sua visão do futuro da Ecocardiografia?

Essa é uma projeção que não consigo descrever. Nós já estamos em uma fase na qual a Ecocardiografia 3D se tornou imperativa na sala de hemodinâmica. Essas salas não foram programadas para receber aparelhos de Ecocardiografia que ficam do lado do anestesista. Eu acredito que os futuros hospitais terão que ampliar as salas para  que os Ecocardiografistas, possam ter mais conforto ao lado do anestesista e auxiliar o Hemodinamicista cada vez com mais rigor, no sentido de fornecer uma visão mais completa da lesão a qual se destina o possível dispositivo em questão. Eu nem posso imaginar o que pode ocorrer daqui 20 ou 30 anos, sinceramente.  Acredito que cada vez mais os algoritmos, aliados à complexidade e miniaturização e portabilidade dos equipamentos do futuro poderão realizar feitos históricos.  Tenho acompanhado de perto a Ecocardiografia desde o início dos anos 80 e jamais passou pela minha cabeça que hoje eu estaria auxiliando um cirurgião cardíaco na realização de um procedimento.  A cardiologia está de parabéns e as novas gerações de médicos são de primeiríssima qualidade, do mais alto nível. Existem sites e grupos de Ecocardiografistas e Hemodinamicistas que só discutem  o que se denomina hoje cardiopatia estrutural. Eu afirmo que o Brasil está muito bem preparado neste campo, com centros de excelente qualidade.

Veja também

Aula 5 – Litíase no Curso Ultrassom do Sistema Urinário

Aula 5 – Litíase no Curso Ultrassom do Sistema Urinário. Veja o raio x da aula 5 sobre litíase no Curso Ultrassom do Sistema Urinário. A [...]
+

Aula 7 – Complicações da Escleroterapia no Videoaula Ablação Química Endovenosa

Aula 7 – Complicações da Escleroterapia na Videoaula Ablação Química Endovenosa Confira o raio x da aula 7 sobre as complicações da [...]
+

Aula 3 – Fígado no Curso Atualização em Ultrassonografia

Aula 3 – Fígado no Curso Atualização em Ultrassonografia Veja o raio x da aula 3 sobre o fígado no Curso Atualização em Ultrassonografia. O [...]
+